migaglop

a ler

http://www.themoneyillusion.com/?p=26355

http://worthwhile.typepad.com/worthwhile_canadian_initi/2014/03/one-general-theory-of-money-creation-to-rule-them-all.html#more

http://monetaryrealism.com/money-creation-in-the-modern-economy-bank-of-england/

Click to access qb14q1prereleasemoneycreation.pdf

então: os MM (market monetarists, Sumner e Rowe) acham que um banco central influencia as reservas do sector bancário privado, mas que também influencia a quantidade de dinheiro material na economia (notas e moedas). O conjunto de reservas e de dinheiro material é definido como “dinheiro base”, controlado pelo banco central. Os MM criticam a noção de que um banco central apenas pode influenciar as reservas do sector bancário privado, propagada por outros memes económicos (associados a MMT, por exemplo). Um banco central pode também comprar qualquer coisa que seja – e aumentar o stock de dinheiro material. Lembramos que o keynesianismo mais à esquerda (MMT, post keynesianos) é associado à ideia de que a política fiscal deficitária é a melhor maneira de estimular a economia (pondo dinheiro directamente nas mãos das pessoas). Mas esta política fiscal – associada a coisas como emprego público necessário -,  não é da mesma natureza que aquela possibilidade do banco central acima referida como “comprar qualquer coisa”? Qualquer coisa pode ser trabalho de quem o queira fornecer. Existem diferenças maiores do que as de terminologia sobre o que é “política fiscal” e “política monetária”? E quando estes termos se confundem e assumem diferentes designações nos campos opostos, então qualquer hipótese de concordância é impossível.

ping pong na pangólia

O país da Pongólia uniu-se há coisa de 20 anos. Anteriormente a região era composta por umas duas dezenas de países independentes, antigos e estáveis, uns mais desenvolvidos que outros, e cada uma com um governo e moeda própria. Estes interagiam entre si pacificamente, com normais relações económicas e sociais. Com a união, a Pongólia adoptou um parlamento, governo e uma moeda comum, e onde o primeiro é composto por representantes regionais, relativos às anteriores nações soberanas. Nos primeiros anos não houve sobressaltos de maior, mas depois começaram a existir preocupações com transferências de dinheiro entre regiões. Alguns governos regionais gastavam mais dinheiro do que aquele que taxavam, o que obrigou a que contraíssem dívidas crescentes. Geralmente estas regiões também não possuíam uma economia robusta, estando grande parte do seu sector privado dependente de investimento vindo de outras regiões. O governo central da Pangólia quis tomar medidas relativamente a isto, temendo que o valor destas dívidas atingisse valores considerados incomportáveis. Então impôs aos governos regionais que cortassem nas suas despesas e aumentassem as suas receitas (através de aumento de impostos). Isto teve um efeito contra-producente nas economias destas regiões, que viram o desemprego aumentar (e fazendo com que menos impostos fossem colectados). Dúvidas sobre o comportamento económico futuro destas regiões levou a que o fluxo de investimento exterior também diminuísse. Tudo isto se combinou numa crise económica e política, de alto desemprego e custos sociais, e com os governos regionais impotentes a debaterem-se com uma difícil missão de equilibrar as suas contas sem piorar a situação social. Entre a população da Pongólia houve quem começasse a defender a abolição da Pongólia e a readopção das antigas nações soberanas. Houve também que defendesse uma maior solidariedade entre as regiões da Pongólia, reflectindo-se em transferências monetárias entre regiões e partilha de dívida comum. Infelizmente, um consenso e uma mudança de paradigma foi difícil e lento de obter, devido também a uma inércia de um sistema democrático muito deficiente. Isto levou a que…

(*Agora imaginemos uma região da Pangólia chamada Pong. Se substituirmos “Pangólia” por “Pong” no texto acima, nada muda. E se substituirmos “Pong” por uma sub-região chamada “Ping”, e assim sucessivamente? Nada muda também. Então qual a razão para a estabilidade antiga de “Ping” e “Pong” vs os problemas, que parecem quase inevitáveis, da Pongólia?)

(**Minha resposta: não se preocupavam com coisas como dívida entre sub-regiões)

sobre o market monetarism

http://www.themoneyillusion.com/?p=25769

“I think the key is that MMs see market forecasts of NGDP growth as playing roughly the role that the fed funds rate minus the Wicksellian equilibrium rate plays in the NK model.  It’s the indicator of the stance of policy.”

“NKs would adjust the base in order to move interest rates to a position where their structural model predicted on-target inflation (using Lars Svensson’s target-the-forecast approach.)

MMs would adjust the base in order to move the TIPS spread to a position where the market predicted on-target inflation.

Thus in an inflation targeting world it’s actually pretty easy to explain the difference between NK and MM.  The NKs use interest rates as an intermediate target, and they rely on structural models. The MMs use TIPS spreads as an intermediate target, and rely on the market, not structural models.”

Tem sentido esta ideia de feedback loop: usar predições de mercado sobre crescimento e inflação, para controlar essas mesmas predições de mercado sobre crescimento e inflação. Nomeadamente, deve-se tentar atingir um desejado PIB nominal (o seu valor, ou o seu crescimento). E a maneira de o conseguir é ajustando o tamanho da base monetária (reservas bancárias e dinheiro físico). Ao contrário do Keynesiasmo mainstream (NK), cuja política monetária consiste na variação de taxas de juro, na perspectiva MM o problema zero lower bound não emerge, um banco central tem sempre opções à sua disposição (o wikipedia revela):

(https://en.wikipedia.org/wiki/Market_monetarism) “Market monetarists reject the conventional wisdom that monetary policy is mostly irrelevant when an economy is in a liquidity trap, when short term interest rates approach zero. Market monetarists claim that policies such as quantitative easing, charging instead of paying interest on excess bank reserves, and having the central bank publicly commit to nominal income targets can provide an exit from the trap” (..) “Market monetarists have argued that unconventional methods of making monetary policy can succeed. The Economist describes the market monetarist approach as potentially including “‘heroic’ purchases of assets, on a bigger scale than anything yet tried by the Fed or the Bank of England.” However, it notes that “Even then, people might refuse to spend the newly minted money, or the banks might also refuse to lend it.” Some market monetarists like Bill Woolsey have suggested that “The Fed could impose a fee on bank reserves, leaving banks to impose a negative interest rate on their customers’ deposits. That might simply serve to fill up sock-drawers as people took the money out of their accounts. But eventually, instead of hoarding currency, they would spend and invest it, bidding up prices and, with luck, boosting production.”

MM e MMT (modern monetary theory, uma corrente com alguma popularidade recente) parecem à primeira vista coisas irreconciliáveis. A primeira vinca as possibilidades de variações na base monetária provocadas por um banco central, como descrito acima. A segunda vinca que, na maioria das sociedades actuais, a quantidade de dinheiro é definida maioritariamente pela lado da procura, através de empréstimos. Que os bancos actuais, na prática, emprestam primeiro e só depois confirmam que têm as suas reservas em ordem. E que o nível necessário de reservas é sempre assegurado, em último caso através de empréstimos do banco central. Parece-me que a existência de restrições a nível de reservas é fundamental. Num sistema bancário sem requerimentos de reservas (como Canadá e Austrália, correcto?), a alteração do valor das reservas do sistema bancário vai ter alguma influência no quanto e como dinheiro é emprestado (como diz MM)? Se sim, como? (eh, isto não é a questão endogenous vs exogenous money?)

(descobri este artigo depois de escrever isto, é ler http://www.economist.com/node/21542174 )